Grande infestação de mexilhão dourado na represa assusta população de Tupaciguara

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Com a acentuada baixa das águas do reservatório da Usina de Itumbiara, que é controlada por Furnas, percebeu-se a presença, em extensa quantidade e já em todas as áreas do reservatório, de um molusco invasor, identificado como mexilhão dourado, que tem assustado a todos que frequentam o reservatório seja para pesca, diversão ou mesmo por trabalho nas propriedades que margeiam o lago.
De acordo com estudos levantados pelo IBAMA, o mexilhão-dourado é uma espécie de molusco bivalve introduzida no Brasil, via água de lastro na década de 1990. Tendo em vista as características biológicas e ecológicas da espécie, bem como o ambiente favorável no país para a sua proliferação, o mexilhão-dourado se tornou uma espécie exótica invasora. A invasão biológica desta espécie tem causado impactos ambientais e econômicos, provocando alterações estruturais e funcionais nos ecossistemas e prejuízos às atividades humanas nas Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e, por último, na região Nordeste, devido a recente detecção na Bacia do Rio São Francisco. O Brasil estabeleceu as Metas Nacionais de Biodiversidade ente 2011 e 2020, por meio da Resolução CONABIO nº 06, de 03 de setembro de 2013, na busca de soluções para este grave problema de invasão.
A Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras deverá estar totalmente implementada, com participação e comprometimento dos estados e com a formulação de uma Política Nacional, garantindo o diagnóstico atualizado e continuado das espécies e a efetividade dos Planos de Ação de Prevenção, Contenção, Controle. O Governo Federal estabeleceu no seu Plano Plurianual (PPA 2016-2019) a meta de “Controlar três espécies exóticas invasoras, mitigando o impacto sobre a biodiversidade brasileira”. A implementação da meta deve contemplar a revisão e atualização do arcabouço legal aplicável ao controle de introdução e reintrodução de espécies exóticas, além do desenvolvimento e implementação de planos de controle para prevenção, detecção precoce, erradicação, e monitoramento de espécies exóticas invasoras. Neste sentido, o Ministério do Meio Ambiente, em conjunto com suas vinculadas (IBAMA e ICMBIO), está trabalhando no desenvolvimento de Planos Nacionais de Prevenção, Controle e Monitoramento de Espécies Exóticas Invasoras. Para a primeira etapa, o mexilhão-dourado, o javali e o coral-sol foram definidos como espécies prioritárias. Visando dar continuidade a uma série de ações que iniciaram com a formação de uma Força Tarefa Nacional por parte do MMA e de uma série de outros atores da sociedade envolvidos com a temática, foi elaborado um diagnóstico, compilando informações sobre a invasão do bivalve (animais que possuem uma concha com duas metades) no Brasil e em países fronteiriços, nos quais a espécie está presente. Além disso, foram sugeridas um conjunto de atividades para subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Mexilhão-dourado no Brasil – Plano Mexilhão-dourado (Fonte: Ministério do Meio Ambiente – MMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA – https://www.gov.br/ibama/pt-br/centrais-de-conteudo/2017-10-02-consulta-publica-mexilhao-dourado-2-pdf)
Com relação a alimentação do mexilhão-dourado, ele é um ativo filtrador, alimentando-se de material em suspensão, como microrganismos, bactérias e sólidos suspensos, sendo verificado a preferência alimentar do molusco por cepas tóxicas, o que indica que deve apresentar alta resistência a cianotoxinas. Por outro lado, esse molusco tem como predadores larvas e alevinos de peixe. Foi constatado que as larvas e alevinos de várias espécies de peixe, inclusive parte das existentes no reservatório de Furnas, se alimentam intensamente de véligers do mexilhão-dourado.
Já no que diz respeito aos prejuízos econômicos causados pelo mexilhão-dourado podem ser citados: obstrução de tubulações de captação de água, filtros e sistemas de resfriamento em indústrias e usinas hidrelétricas, sistemas de drenagem de águas pluviais, danos em motores e embarcações e prejuízos na pesca, já que a diminuição dos moluscos nativos diminui o alimento dos peixes. Também trazem impactos ambientais como a rápida mudança da comunidade de bentos (comunidade de organismos que vive no substrato de ambientes aquáticos), favorecendo a presença de certas espécies frequentes no ambiente e deslocamento de outras espécies de moluscos nativos, assentamento do mexilhão dourado sobre bivalves nativos e de outro bivalve invasor, impedindo o desenvolvimento normal de plantas palustres e alterações nas cadeias tróficas do ambiente.
Com relação ao ser humano não foi encontrada nenhuma causa de mal que possa afetar a sua saúde, a não ser o mau cheiro causado quando o mexilhão dourado morre por ficar fora da água, já que ele respira o oxigênio da água, como os peixes.
Segundo o secretário municipal do meio ambiente, Marcelo Godoy, o município não pode fazer nada para diminuir a ação do mexilhão dourado, por ser o seu habitat um lago que é de propriedade da União. Mas, como afirmou Marcelo, contatos já foram feitos com Furnas e o próprio governo federal para se buscar informações sobre medidas a serem tomadas sobre essa grande invasão, estão aguardando posicionamento.