Cesta Mágica celebra 15 anos com bolas e uniformes novos e disposição para crescer

Esporte Notícias

Por Luís Cláudio Prudente Cicci – É com fôlego renovado e ânimo que completa década e meia de trabalho a iniciativa de usar o basquete para incentivar crianças e jovens de Tupaciguara a praticarem esporte, na intenção de formar cidadãos saudáveis e comprometidos com o bem-estar próprio, das suas famílias e das suas comunidades. Tanto as conquistas quanto as dificuldades dos últimos 15 anos motivam comemoração e servem de inspiração para o futuro da Associação Cesta Mágica.
A iniciativa, que começou em 2005 como um projeto de inclusão social, chega às bodas de papel depois de levar às quadras de basquete mais de mil meninos e meninas, moços e moças com idades entre 8 e 17 anos. E a associação tem planos para ir adiante, com ambição de fazer chegar a mais gente conceitos que orientam disputas exigentes em dedicação, disciplina, respeito a regras e parceria com o grupo. Quem está no Cesta Mágica joga basquete para aprender sobre a vida.
Na volta aos treinamentos, interrompidos desde março por causa da pandemia de covid-19 e prevista para quando as escolas retomarem a rotina de aulas, novidades estarão à espera da quase centena de meninas, meninos e adolescentes que, neste ano, formam dez equipes. Logo que o isolamento social for suspenso, os basqueteiros de Tupaciguara vestirão nas quadras doze novos conjuntos de uniformes e camisetas de viagem que têm estampados um novo escudo.
As surpresas são resultado de iniciativa de vereadores do município, por meio de emenda impositiva da Câmara Municipal, e do repasse de verba do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Os jogadores, no retorno aos treinos, também usarão novas bolas, doadas ao Cesta Mágica pela Prefeitura de Tupaciguara. “Os apoios que recebemos, vindos do poder público e de empresários, são importantíssimos, atestam nosso trabalho”, avalia o fundador, diretor-presidente, coordenador-geral, professor e técnico, Márcio Araújo Júnior.
A colaboração mensal de representantes da iniciativa privada de Tupaciguara é apoio que permite as viagens dos times para a participação em torneios na região, quando a Associação Cesta Mágica banca os custos com as inscrições, as taxas de arbitragem, a alimentação dos atletas e despesas eventuais. “Essas empresas, parceiras nossas, assumem custos fixos ou eventuais e são, de verdade, como se fosse o combustível para levar o basquete de Tupaciguara ainda mais longe”, explica Júnior.

Expansão
Em tempos que criança e adolescente sucumbem ao fascínio tentador e viciante dos eletrônicos, de proximidade com a tentação das drogas, de falta de alternativas para o combate à ociosidade da mente e do corpo, a Cesta Mágica busca, literalmente, ganhar espaço em Tupaciguara, igual ao time que quer a vitória, precisa ficar no ataque e marca no campo do adversário. A associação está pronta para usar mais quadras, busca mais infraestrutura para difundir a prática do basquete e, assim, promover a inclusão social por meio do esporte.
“Como é que faço para levar a experiência para mais bairros da cidade?”, se questiona, desafiador e ambicioso, Márcio Júnior, que tem 45 anos, é casado e pai de duas meninas. Tão acostumado à incerteza sobre o futuro do projeto quanto à rotina de reuniões com empresários e políticos na busca por suporte ao Cesta Mágica, o publicitário e professor provisionado de educação física é, na rotina do dia a dia, o faz-tudo, aquele que resiste do trio de amigos responsável, em 2005, por tirar do papel a ideia de incentivar a prática do basquete no município.
O destino levou um dos antigos parceiros, Eduardo Pires, a se mudar de cidade. O outro, Luciano Flávio, por questões profissionais, foi obrigado a se dedicar aos próprios negócios, inclusive nos fins de semana, quando, normalmente, as equipes da Cesta Mágica viajam para disputar torneios. Hoje, de novo, os três fundadores estão juntos, em Tupaciguara. Quem foi obrigado a se afastar da rotina diária nas quadras, agora atua nos bastidores, como conselheiro administrativo da associação, e persiste na defesa dos ideais de 15 anos atrás.
Hoje, Márcio Júnior toca o dia a dia, coloca a mão na massa, assumiu a burocracia e a lida com a centena de meninos e meninas, rapazes e moças que, neste ano, se dedicam aos treinos e viajam para envergar o uniforme verde, branco e laranja do time. “É difícil, um desafio atrás do outro, mas traz satisfação, rende prazer acompanhar a transformação do ser humano”, diz o coordenador do projeto. Júnior conta com apoio para orientar a preparação dos atletas e elogia a ajuda que recebe. “A professora Mayra Ribeiro, uma excelente profissional da educação física, é o meu braço direito.”

Paralelo
O Cesta Mágica tem sala, junto do escritório do publicitário, na Rua Rodrigo do Vale, que reúne, em prateleiras, mais de uma centena de troféus, medalhas e placas. Mas o orgulho pelas vitórias em campeonatos regionais e estaduais, com a superação de equipes que contam com mais tradição e melhor infraestrutura, merece comparação que rende ainda mais satisfação: ex-atletas do projeto se espalham pelo Triângulo Mineiro, por Minas Gerais, pelo Brasil e no exterior. E levam consigo aquilo que aprenderam nos treinamentos e jogos.
Os basqueteiros que passaram pelas equipes da associação carregam pelo resto de suas vidas um conceito de domínio essencial para quem decide se dedicar ao esporte da bola laranja: jogo coletivo, a busca da sintonia em nome de um propósito comum. “O time é como uma engrenagem, com peças diferentes que se complementam, e, numa quadra, jogadores com perfis físicos e habilidades diferentes se completam”, diz Márcio Júnior. Um aprendizado, graças ao esporte, que vale para a vida.
O entusiasmo do fundador contagia os atletas que, mesmo depois de anos, vão além das experiências nas quadras pra testemunhar aquilo que ganharam com o Cesta Mágica. “A passagem pelo projeto marcou o meu caráter porque foi quando aprendi a, mais que ser um bom jogador, ser uma pessoa de bem, com responsabilidades”, conta o ex-armador e agora arquiteto, Bruno Barbosa da Silva, de 28 anos. “Com certeza, a minha época de basqueteiro foi quando vivi os melhores momentos da minha adolescência.”
A hoje contadora Maria Eduarda Gomes Santana de Menezes, de 27 anos, também vestiu – e suou bastante, ela bem se lembra – a camiseta verde do Cesta Mágica. “No projeto, aprendi a lidar com os desafios e a alcançar, com sabedoria e persistência, as metas impostas pela vida, superando dificuldades”, relata a ex-ala, que atuou em equipes que reuniram jogadoras nos primeiros anos do projeto, no fim dos anos 2000. “Agradeço pelas amizades, pelos aprendizados e pelos momentos felizes que pude viver.’’

Incentivo
O histórico de conquistas e de sucesso, dentro e fora das quadras, fez o Governo de Minas Gerais credenciar o Cesta Mágica como potencial destinatário direto de 1% do valor anual do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) a ser recolhido por empresas. A distinção é resultado de projeto já aprovado, proposta que custou três anos de preparação. “Essa é uma conquista, um reconhecimento do retorno que a associação traz e do potencial para fazer mais”, avalia Márcio Júnior.
O respaldo da lei estadual de incentivo ao esporte capacita o diretor-presidente para a busca de parceiros interessados na dedução fiscal em troca da exposição da marca e da vinculação com iniciativa de reconhecidos valor e retorno social. “Estamos à caça de apoiadores”, anuncia o cartola e treinador, que dedica tempo à própria agência de publicidade, à rotina burocrática da associação, à família e, claro, aos dez treinos semanais das cinco equipes femininas de atletas com idades entre 8 e 17 anos.
No dia a dia, a orientação aos alunos do projeto, para preparação em quadra, conta com suporte técnico de profissional experiente, conhecedora do basquete e também uma amante do esporte da bola laranja. A professora Mayra, que competiu por times de Uberaba e que disputou jogos contra as equipes de base do Cesta Mágica, mudou-se para Tupaciguara em fevereiro de 2015 e desde aquela época assumiu a orientação dos treinos dos garotos e rapazes.
“É uma companheira, profissional que segura a barra comigo e que, desde a sua chegada, trouxe conhecimento de qualidade para o nosso dia a dia, práticas que fizeram os atletas se esforçarem mais e que viraram resultados nas quadras”, diz Márcio Júnior sobre a parceira no projeto. “Sozinho seria impossível.” O ano de 2015, o seguinte à chegada de Mayra, quando o Cesta Mágica completou 10 anos, foi marcante por causa do destaque dos times da associação em campeonatos regionais e estaduais.
Desde o início do projeto, os atletas do Cesta Mágica, contam com o ginásio do Tupaciguara Tênis Clube (TTC) para treinamento. Em 2017, como resultado do crescente interesse de crianças e jovens tupaciguarenses pela prática do basquete, foi preciso buscar mais infraestrutura, mais espaço pra a preparação das equipes. Foi quando a associação fez nova combinação com a Escola Estadual Sebastião Dias Ferraz (EESDF), para intensificar relação iniciada em 2009, e as equipes masculinas começaram a usar as quadras desse colégio.

Aperto
“Hoje, estamos no limite, infelizmente não podemos receber mais atletas”, lamenta Márcio Júnior, que, até pelo exemplo vindo de casa, traz dentro de si a energia para incentivar a prática de esporte. O cartola-técnico-faz-tudo é filho de um entusiasta do futebol na cidade, o Tidé, conhecido em Tupaciguara e na região por assumir a organização de rachas em campos e quadras. “Está apertado para nós, faltam quadras e também professores”, reclama o representante do Cesta Mágica.
O término da reforma da Praça de Esportes Governador Bias Fortes, previsto para o fim deste ano, significa a perspectiva de mais espaço, de alívio para a associação. Caso a obra fique pronta no prazo previsto e caso a Cesta Mágica consiga a permissão de uso, serão, em Tupaciguara, mais duas quadras descobertas e uma coberta, as três com piso marcado para a prática do esporte da bola laranja e também com as tabelas e aros, equipamentos essenciais.
“Diferentemente do futebol, que precisa de infraestrutura simples, no basquete, se falta o indispensável, não tem jogo”, explica Márcio Júnior. Se tudo for como o esperado, se as novas quadras ficarem à disposição do Cesta Mágica, a intenção é apostar na quantidade para conseguir mais qualidade. “Quando há mais concorrência entre os atletas, é possível buscar o alto rendimento”, diz o coordenador. “E com mais gente jogando, dá para montar uma melhor estrutura de competição.”
Desde 2005, quando a hoje Associação Cesta Mágica ainda se chamava Escolinha de Basquete de Tupaciguara, o apoio de empresários do município faz diferença. “Aos poucos, compramos as primeiras bolas, os primeiros uniformes com a confiança e a ajuda de comerciantes visionários, que abraçaram a ideia da inclusão social por meio do esporte”, lembra Márcio Júnior. “Foram empresários que apostaram, desde cedo, na massificação do basquete em Tupaciguara e no seu poder transformador de vidas humanas.”

Conquistas
Em 2009, a parceria com a Rede Lucas de Supermercados deu suporte para o projeto ganhar corpo e buscar novos desafios. Os times do Cesta Mágica estrearam em mais competições e a equipe com meninas de até 13 anos conquistou um campeonato estadual, jogando a final na quadra adversária, contra o Praia Clube, de Uberlândia. “Um título para ficar na história”, lembra Márcio Júnior. “Essa foi uma temporada de revisão das metas.” E, no ano seguinte, as moças do sub-17 anos foram campeãs regionais.
O suporte da Rede Lucas permitiu planejamento, que virou qualidade de jogo e atraiu outros parceiros. Entre 2010 e 2014, antes da contratação da Professora Mayra, o basquete masculino já contava com treinador específico. Com a chegada do professor de educação física José Ronaldo Júnior, garotos e rapazes ganharam acompanhamento exclusivo e a Cesta Mágica aumentou a participação em competições. “Um colaborador importantíssimo, que trouxe um ganho grande para o projeto”, lembra Júnior. E, já em 2010, os rapazes conquistaram um título regional: campeão sub-17.
Até 2014, com a confiança crescente, graças à continuidade do apoio de comerciantes e empresários de Tupaciguara, a associação se fez mais presente em competições. “Dentro de quadra, independentemente de vitória ou derrota, há sempre um ensinamento em cada situação, todo mundo aproveita e evolui”, se recorda o diretor-presidente, coordenador, técnico e tudo mais que for preciso. “O tempo, a paciência e a determinação, sem dúvidas, foram, desde o começo, e ainda são os pilares da Família Cesta Mágica.”
Em dezembro daquele ano, a equipe feminina sub-17 da associação, formada por atletas vinculadas à EESDF, representou Minas Gerais numa competição nacional para conquistar o terceiro lugar no V Campeonato Brasileiro de Basquete Escolar, torneio disputado em Uberaba. E, no ano seguinte, 2015, foi a vez dos rapazes sub-17 da Cesta Mágica fazerem bonito: também representando a escola estadual, passaram pelas fases microrregional, regional e chegaram invictos à fase estadual, quando, depois de jogo disputadíssimo terminaram desclassificados por time de Belo Horizonte.
O trabalho fora de quadra, no intervalo entre 2016 e 2019, voltou a render resultados entre as quatro linhas – porque jogar basquete é bom, mas fica ainda melhor com vitória. Em 2017, a Cesta Mágica sub-13 feminina foi buscar em Varginha o título de bicampeã mineira, repetindo 2009. E esse mesmo grupo confirmou a pecha de guerreiro quando, em 2018, foi vice-campeão dos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG). “Esse é um ano que está na memória porque disputamos dezesseis competições, chegamos a todas as finais e ganhamos sete títulos”, lembra Júnior.
No ano passado, foi a vez dos rapazes voltarem para casa com taça. Na Copa UIC, de Uberaba, os jogadores da equipe Cesta Mágica sub-16, sob o comando da professora Mayra, conquistaram o campeonato invictos. Também em 2019, Tupaciguara, para se firmar como ponto de referência no basquete, sediou o Campeonato Interestadual de Basquete Feminino (FMB), nas categorias sub-13 e sub-15. E, para fazer bonito, a equipe com as moças foram campeãs e as meninas ficaram com o vice-campeonato.
A inscrição de uma garota ou de um garoto no Cesta Mágica depende do aval dos responsáveis e, claro, do desejo praticar o basquete. É preciso também que a criança ou jovem candidato a atleta da bola laranja esteja matriculado em escola de ensino regular. O projeto, desde o início, acompanha e valoriza a dedicação dos meninos, meninas e adolescentes ao estudo. Por isso, homenageia anualmente os alunos com melhor desempenho em sala de aula. Também é parte da proposta a aproximação com as famílias dos atletas. Mais informações no site www.cestamagica.com.br.